Monólogo A Dois

terça-feira, novembro 16, 2004

O SEGREDO PARA TORNAR A SUA VIDA MAIS DIVERTIDA:

- Arranje amigos anões.
|| Æmitis @ 17:59 ...:::

segunda-feira, novembro 15, 2004

É SEMPRE A MESMA COISA. SEMPRE ATRASADOS. JÁ VAI PRA MAIS DE UM QUARTO D'HORA QUE ESTOU AQUI À ESPERA.

Eu também tenho uma história que envolve essas pessoas a quem nós fazemos: “ohhhhh… coitadinho”.

Estava eu na paragem de um daqueles autocarros amarelos (digo autocarros como podia dizer camionetas porque para mim é tudo o mesmo o quem não pensa o mesmo só pode ser mariconço) quando um senhor numa cadeira de rodas parou no início da fila. Pôs-se para lá a olhar para os horários das camionetas (digo camionetas como podia dizer autocarros porque para mim é tudo o mesmo o quem não pensa exactamente o mesmo é sem dúvida mariconço) e eu pensei, naturalmente, cá para mim: como é que este indivíduo (politicamente correcto) conseguirá subir para o autocarro? Sei que alguns deles descendem um pouco e tal, mas não o suficiente para se entrar com uma cadeira de rodas. Para que quer alguém com uma cadeira com rodas apanhar uma camioneta, se ele pode muito bem conduzir o seu veículo para onde quer e lhe apetece sem se cansar? (era daquelas cadeiras modernas com joysticks e estofos de pele e o camandro).

Bem, fosse qual fosse o motivo daquela pessoa com valor e dignidade humana inalienáveis (politicamente e filosoficamente correcto) a verdade é que tal nunca descobri. De repente, pareceu-me, os travões daquela geringonça falharam e como a rua era inclinada, cerca de 6º aproximadamente, o sacana do gajo sem pernas começou a ir pela rua abaixo. Sorte a dele, embateu num daqueles caixotes de lixo verdes que estão presos nos postes de iluminação, rodopiou e caiu no meio da estrada (no meio mesmo). O gajo ficou sem dois dentes e a cheirar mal que tresandava, pois naquela zona existe muita prostituta que manda sacos de plástico com dejectos para os caixotes do lixo.
Como é natural, eu comecei a rir-me descontroladamente. Duas senhoras, muito pasmadas com aquilo tudo, mas continuamente inertes (deve ser do reumático) viram-se para mim e dizem:

Senhoras Idosas: Você não tem vergonha? Rir-se da desgraça daquele coitadinho?

Eu: (limpando as lágrimas dos olhos) Desculpe? Não, não tenho. Teve bastante piada admito. Principalmente aquela parte em que os dentes saltaram e ainda sujaram a camisola branca “I Coração Tony” da gaja que estava a ler Tv Mais.

S.I.: Mas já viu que ele não tem pernas, coitadinho?

Eu: Ah, portanto, se ele tivesse pernas já se podia rir, não é?

S.I.: Mas ele não pode andar, seu desavergonhado. Parece que não têm respeito por
ninguém. Eu queria ver se gostava de estar numa cadeira de rodas.

Eu: Pode não ter pernas mas também cai, ora essa. Não anda mas também não apanha pé de atleta nem pisa merda.

S.I.: Seu mal criado!

A conversa estendeu-se mais alguns minutos até que o senhor que sofreu o infortúnio de ficar sem ambos os membros inferiores, já recuperado da queda, regressou até à fila e disse:

Def.: Que merda de punch-line que eu sou.



(ATENÇÃO: Todos os seres humanos são lindos. Não confundir brincadeira e paródia com insensibilidade ou falta de respeito. No decorrer desta história nenhuma pessoa especial sofreu qualquer dano, tanto no corpo como na alma, e as senhoras de idades lindas encontram-se de boa saúde e rijas. Eu própria, e a minha equipa de duendes albinos resgatados do frio e da fome d’África, supervisionámos os acontecimentos aqui descritos. Quero ainda dizer que aquele corajoso ser humano é, na verdade, um bonito punch-line. Força amigo. Ass: C.C.Lindas.)
|| Æmitis @ 18:44 ...:::
I HAVE A DREAM...

Sentado na areia branca e suave enquanto o sol desce em direcção ao mar, penso em reviver momentos passados.

Ou não. Já repararam no quão ridículo é recorrer sempre à mesma imagem para tentar desenhar figuras diferentes? É só chato. Está bem, talvez seja um pouco foleiro também.

A areia nunca faz comichão nos sítios em que costuma atacar.

Nunca está frio o suficiente para me lembrar de sair daquela areia fofinha e tudo o resto.

O pôr-do-sol é sempre perfeito.

Nunca há um gang que nos assalta nesse belo fim de tarde.

A nossa alma gémea está ali... ou no pensamento. Não podemos pensar em couves ou em fichas de casino... claro que não. Temos de estar com olhar pensativo e com um ar fotografável.

Ora muito bem, sim senhor.

Imaginem então um tipo com “síndrome de Down”. Pensei nele a olhar de forma pensativa para o horizonte longínquo num pôr-do-sol romântico.

Pois.

É isso mesmo.
E há outros casos.

Depois, há um problema quase existencial: qual o momento exacto em que me devo levantar e ir embora?

1 - Antes do pôr-do-sol? Seria um pouco mais estúpido do que escrever “Sentado na areia branca e suave enquanto o sol desce em direcção ao mar, penso em reviver momentos passados.”

2 - Durante o pôr-do-sol? Sacrilégio.

3 - Após o pôr-do-sol? Muito escuro. Rochas.

4 – Não ir embora e transformar-me num monstro anfíbio peludo? I rest my case.


Enfim, seria mais fácil se, durante os minutos em que decorre esse fenómeno sobrenatural, romântico-paneleiro e místico, ficassem em casa a arrotar e a ver a bola. E se quisessem pensar na gaja ou no gajo das vossas vidas, podiam fazê-lo no conforto do lar.
|| Filipe Marques @ 17:39 ...:::