Monólogo A Dois

segunda-feira, agosto 23, 2004

DEIXE A SUA CHAPADA DEPOIS DO SINAL

Caros amigos, não sei se um já se chatearam a sério alguma vez. Nem quero saber. Isso é lá com vocês.
O que gostava de dizer é que tenho estado internado numa tasca perto de Belém, junto ao Rio Douro, em pi pi pi pi pi pi.
Bem, estava na minha hora de tomar os comprimidos. Tudo bem. Mas a enfermeira era feia como tudo. E isso eu não admito. Quer dizer... já não há respeito pelas pessoas doentes? Ainda bem que já temos um movimento que nos defenda... senão... o que seria de nós???
Bem, era feia. E eu não gosto das coisas mal feitas. E feias. Então reagi naturalmente. Como é que vocês reagiriam? Pois claro. Levantavam-se e davam uma chapada na mulher. Foi o que TENTEI fazer. Não consegui. Falhei. Quer dizer, não falhei o alvo. Por amor de deus, pensam que sou parvo??? Não. Pior que isso. Quando ia a alçar da mão para lhe dar a chapada, a enfermeira tirou um instrumento do bolso da bata (vermelha, que eles gostam de nos confundir!). Eu fiquei parvo. Um pouco mais. Não... um pouco mais ainda! Isso. Fiquei parvo a olhar para aquilo. Eis um excerto do nosso diálogo:
- Que é isso, senhora enfermeira?
- Isto?
- Sim, isso.
- Isto?
- Sim.
- Isto é...
- Desculpe?
- Isto é um atendedor de chapadas.
- Desculpe?
- Mas você é surdo ou quê???
- Hã?

E assim descobri, depois de me terem contado, junto ao ouvido esquerdo, todo o diálogo, que existe uma coisa chamada atendedor de chapadas.

Eu cá não gosto de dar chapadas a máquinas, por isso fui-me embora. Mas não me deixaram sair da tasca. Os senhores seguranças foram imperiais (MESMO... com espuma em cima e tudo!) e não permitiram a minha saída.
|| Filipe Marques @ 03:29 ...:::