Monólogo A Dois

sábado, julho 10, 2004

O MISTÉRIO QUE NUNCA FOI RESOLVIDO PORQUE NUNCA FOI PRECISO

Esta é uma história assustadora, meus amigos. Se se consideram susceptíveis, por favor não leiam. É o conselho de um amigo que vos deseja tudo de bom (no Natal).

Miljanja parou e olhou em redor. Nada viu. A mercearia do Sr. Antònjo estava a fechar. De dentro do estabelecimento comercial, vinha um cheiro a podre. Daquele mesmo podre, sabem? Como pessoas mortas. Como carne numa arca frigorífica que foi acidentalmente desligada 3 meses antes de repararem no cheiro.

De qualquer maneira, isto incomodou Miljanja. Ela sentia-se sozinha porque o seu namorado Ropodjivic a tinha deixado. Fugiu com Ljikeka. Kjikeka é prostituta, só tem uma perna e está careca por causa da quimioterapia. Ela não teve cancro, mas ainda assim quis experimentar. Ropodjivic fugiu com ela porque estava farto da histeria constante de Miljanja e das discussões estúpidas que nada mais faziam que ferir os sentimentos de ambos.

O Sr. Antònjo só tem um olho, por causa da guerra. Uma vez, estava ele a passear muito contente com a mulher e com os filhos da mulher e viu um soldado. Como não tinha nenhuma pedra para lhe atirar, arrancou o olho. Ainda tentou recuperá-lo, mas o olho estava sujo com areia.

Ela aproximou-se do Sr. Antònjo e perguntou-lhe: "Ajkijem cjoli rescoll rietenk chopi set lack ties koplov iewansk?"

Que em português significa: "Tem leite?"

"Lrico."

Quem em português significa: "As armas e os barões assinalados que da ocidental praia lusitana... sim."

Pediu dois pacotes e perguntou-lhe acerca do cheiro. Ele irritou-se, deu-lhe com o pé-de-cabra e mandou-a sair.

Miljanja achou aquilo muito estranho. Decidiu que investigaria durante a noite, porque desconfiava que aquele cheiro era proveniente de cadáveres escondidos numa arca frigorífica... e quem mais poderia lá estar senão Ropodjivic e Kjikeka? Foi para casa preparar a invasão. Pegou nos jogos que lá tinha: Cluedo e Risco. Foi brincar um pouco. Ligou o computador e jogou mais alguns jogos de estratégia (entre eles o fundamental Championship Manager). Agora estava preparada.

(Ler o parágrafo seguinte com a música da Missão Impossível, por favor. Obrigado.)

Saiu de casa, toda vestida de preto (menos as calças e a camisola, que estão para lavar) e iniciou a longa marcha de 3 metros até à porta da mercearia. Ela sabe que o Sr. Antònjo guarda o pé-de-cabra por baixo do tapete que tem à porta (meses de investigação, meus caros). Pega no instrumento e arromba a porta, que é toda feita de vidro. Conseguiu entrar sem fazer barulho nenhum. O pior era o cheiro. Utilizou uma toalha turca e realizou um inquérito a todas as pessoas que assistiam à porta. Inquérito por SMS, claro. Custo da mensagem: 60 cêntimos (IVA incluído). (só uma pequena interrupção, para me certificar que ainda estão a ouvir a música da Missão Impossível. Estão? Muito bem.) Correu até ao fundo, onde está a arca... não sem antes tirar um Bollycao que a estava a incomodar severamente.

Esperou dois minutos. Pegou nas suas luvas pretas (que são amarelas, daquelas para lavar a loiça) e abriu a arca. Deparou-se então com um cenário imprevisto. Kjikeka e Ropodjivic estavam lá, irreconhecíveis. Mas ela sentiu que eram eles. E sentiu bem.

De repente, sente uma mão no ombro. É a sua fada-madrinha. Não, não é! É o sr. Antònjo!!! Ai.

"Rjeis acnio Lrigi?"

Que em português quer dizer: "Tinhas de vir aqui saber do teu namorado e da outra puta (literalmente), não era? Não aguentavas vê-lo partir para longe com ela, sem antes teres de te certificar de que ele estava realmente bem com ela, não era? Não percebes que te amo???"

Esta pergunta apanhou-a de surpresa.

"Orl."

Que em português quer dizer: "Não percebo, Sr. Antònjo! Porque é que nunca me disse nada??? Eu também o amo! Era por isso que andava tão histérica, Sr. Antònjo!! Eu amo-i-o! Fique comigo. Por favor."

"Cjieinjka oresa cnelo orele bancoespiritosanto reoiteio!"

Que em português quer dizer: "Está bem."

E assim, no meio de moscas e mosquitos, entre Bollycaos e cadáveres em avançado estado de decomposição, Miljanja e o Sr. Antònjo viveram felizes para sempre.
|| Filipe Marques @ 15:33 ...:::

sexta-feira, julho 09, 2004

FUI E VOLTEI

Eu sei, eu sei. Mas como é possível ele morrer e agora estar de volta a fazer comentários e a dizer que é alérgico à morte e que a Cristina Caras Lindas o safou no Purgatório e coiso e tal? Eu sei meus amigos. Devo dizer que compreendo as vossas dúvidas. Creio até que alguns de vocês duvidaram da integridade e da veracidade do ultimo post ali do redguy (desde já uma Green para essa mesa). Pois não vejam com maus olhos o moço que ele não vos mentiu.

Sim, eu morri e ressuscitei. Parece que não foi muito original e que um tipo qualquer até ficou famoso por fazer o mesmo. Mas eu não tive que estar pendurado nem nada dessas coisas. Confesso que foi tudo bastante agradável. O senhor grande e gordo matou-me, é verdade. Mas pediu autorização antes e pediu desculpa depois. Portanto, nada de rancor nem ressentimento (desde já três quilos de tremoços para essa mesa).
Devo confessar que a viagem até ao Purgatório não foi nada de especial. Nada de luzes, nada de túneis. Apanhei o autocarro ali no Arco do Cego, parámos numa estação de serviço manhosa ali para os lados de Estarreja e depois fui o resto da viagem a dormir. Ah, e no rádio ia a dar Tony Carreira. Cheguei ao Purgatório, era semelhante à Rua Augusta, mas em vez de prédios e lojas tinha mesas e secretárias com pessoas em fila indiana. Na verdade, não tinha nada de semelhante à Rua Augusta... a não ser os pombos que por lá passavam de vez em quando e cagavam em cima das pessoas. Os felizardos que eram abençoados pela bosta láctea ganhavam umas asas e ascendiam ao céu. É verdade, não é quando toca um sino que um anjo ganha as suas asas, mas sim quando um pombo caga em alguém. Dirigi-me à recepção e perguntei onde me devia dirigir. Não me ouviram à primeira vez. Depois de alguma linguagem gestual e malabarismo, lá me disseram para ir para a mesa 9. Esperei durante algum tempo. Vi o Sousa Franco a brincar com o Dumbo e depois apareceu o Henrique Mendes a chorar. Aparentemente foi despedido da Sic Gold. Chegou a minha vez. Era um senhor vestido de branco e com grandes barbas aquele que me atendeu. Perguntou-me o nome: Æmitis. Perguntou-me se eu era grego. Eu disse que não. Então mandou-me para outra secção, pois ali era para aqueles que queriam ir para o Monte Olimpo. Odeio estes enganos... Cheguei ao local correcto. Não estava ninguém na fila. Atendeu-me uma senhor de idade, sem alguns dentes e com uma bata branca e azul. Perguntou-me o nome: Æmitis. Cuspiu-me na cara e acusou-me de só jogar à defesa e de não ter merecido ganhar. Não percebi... Depois começou a consultar um pergaminho preto escrito com giz branco. Começou a abanar a cabeça. De repente, comecei a ouvir música do Roberto Leal. Foi aí que soube que estava tramado e que não me safava do Inferno. Depois apareceu a Cristina Caras Lindas. Pronto, perdi toda e qualquer esperança. Mas, para minha grande surpresa, a senhora Cristina falou-me de umas novas fraldas para idosos, de truques para receber as pensões e não ser assaltado à saída dos correios, ensinou-me a mudar o penso e depois disse que me perdoava. Eu estava completamente confuso com tudo aquilo. Mas a voz da Cristina Caras Lindas apaziguou-me o espírito.
De repente, estava de novo em Lisboa. Desta vez estava mesmo na Rua Augusta. Conseguia sentir de novo. Um pombo cagou-me em cima. Acertou-me mesmo no olho direito... um ângulo bastante complicado. Sorri. Sabia que lá acima, algum sacana tinha ganho asas.

Aconteceram mais coisas mas não me lembro.
|| Æmitis @ 04:19 ...:::

quinta-feira, julho 08, 2004

O respeito pela integridade física de dois dos eloquentes escritores do MAD está a ser posto em causa por um senhor grande e gordo, contratado por um blog concorrente para nos fazer a folha. Pois aqui denuncio essa situação, sem medo de represálias. Sei que vou morrer um dia. Talvez seja amanhã. Talvez seja depois. Mas se for este senhor grande e gordo a matar-me, saberá que eu na verdade sou feito de plástico (daquele mais rijo) e que me vergo com facilidade. E espero que o senhor do outro blog concorrente que me está a ameaçar (e que já matou o outro coiso do MAD) fique contente por estarmos a divulgar esta informação que tenta reencaminhar algumas almas perdidas para aquele que é o blog do momento. Claro que não vamos colocar aqui o link.

Pronto, eu dou uma pista. Começa por "http".


E assim, desejando que o meu camarada de blog descanse em paz (era bom moço, pá!), vou lavar-me e cortar as unhas dos pés.
|| Filipe Marques @ 03:59 ...:::

domingo, julho 04, 2004

URGENTE

Alguém me arranja "A Portuguesa" para o meu Nokia?! A letra do hino?! Alguém me arranja uma bandeira nacional por favor?!!! É urgente! Preciso de andar na rua e preciso dessas coisas!

PS: Vamos todos ser bons portugueses e festejar vivamente o 4 de Julho!!
|| Æmitis @ 16:42 ...:::